Lembro bem dos comentários positivos que o jovem goleiro Mailson arrancou da imprensa e da torcida quando, no ano passado, foi acionado na vaga do experiente Magrão. Em abril, o Leão enfrentaria o Botafogo-RJ. O ídolo rubro-negro estava machucado. E o reserva imediato Agenor estava sob pressão da torcida, diante das seguidas falhas. A revelação rubro-negra assumiu a titularidade com moral.
A partida terminou empatada em 1×1. Custou até a demissão do então técnico Nelsinho Baptista. Mas Maílson saiu ileso. Nove entre dez rubro-negros já o vinham como o grande substituto do ídolo Magrão. Frio, boa estatura, seguro, Maílson parecia não tirar os pés do chão com os elogios de todos. A prova da sua moral foi dada rodadas depois, diante do Vitória-BA, quando quase levou um frango histórico.
O ano virou. Magrão voltou a ser titular. Mas depois de falhas seguidas, Mailson foi alçado ao gol. E de uma forma em que ninguém questionava que havia chegado o seu momento. Que foi coroado com a grande final do Estadual, quando pegou pênalti, garantindo o título para o Leão. Maílson se garantiu na titularidade naquela final. Deixando Magrão chateado, ao ponto de acionar o clube na Justiça e ir embora.
Pois bem, agora, Maílson está na mira da torcida. Saídas inseguras do gol, reposição de bola deficiente e um frangaço diante da partida contra o Figueirense levantam questionamentos. Será que o Sport precisa de um outro goleiro???
Independente dos erros do goleiro, o Sport está precisando de um outro jogador para a posição não para fazer sombra ao titular, mas para ser uma referência. Sempre fui a favor de um clube ter um goleiro experiente, rodado, transmitindo segurança para a defesa, e um ou dois reservas da casa.
Mailson entrou no time e soube se manter. Mas a sequência não é fácil. Haveria a oscilação, claro. E salutar, na verdade. Como se trata de um jovem goleiro e em processo de maturação, as vaias, as críticas são vitais para a sua evolução. Resta saber como ele vai lidar com elas. Não existe céu de brigadeiro eterno na vida, muito menos no futebol. As falhas, as críticas, os frangaços, os maus momentos são oportunidades para a evolução.
O seu antecessor passou por isso. E numa fase da carreira bem mais complicada. Após rodar muitos clubes medianos, sem se firmar, Magrão chegou ao Sport ouvindo vaias e mais vaias. Pensou até em encerrar a carreira. Mas superou tudo e virou ídolo. Maílson é questionado num bom momento: no começo da sua carreira.
Se o Sport decidir contratar um outro goleiro e tomar seu lugar, Maílson haverá amadurecido. Se perder a posição para o seu reserva (Luan Polli), faz parte do seu momento. Tudo é um porcesso. Maílson ainda não é uma unanimidade. Está apenas começando a carreira. Amadurecendo. A torcida precisa ter paciência. A imprensa também. A diretoria, idem. O próprio Mailson deve ter como ele mesmo.
O que não pode é, agora, lapidar um patrimônio. Se Magrão estivesse na Ilha do Retiro, seria muito importante para o garoto. Mas ele não se importou com isso. Pelo contrário, não aceitou a reservar. Maílson tem, agora, que trabalhar em silêncio e aprender com a vida.