Se no futebol profissional o Santa Cruz anda patinando há algum tempo, nos demais
desportos o clube vem mantendo viva a força e a raça Coral. E isso, o torcedor tem que saber e apoiar, pois um clube é bem mais do que o futebol. É o caso do Departamento de Futebol de Mesa. Um dos mais tradicionais e admirados do Brasil. O Tricolor tem três modalidades em que atua nas competições, 1t, 12t e dadinho 9×3, mas está ampliando o leque de possibilidades com a inserção do subbuteo, chapas, old bottons e sectorball – além das regras regionais.
Mas é no subbuteo, que o Santa Cruz pensa em dar um salto para a internacionalização de sua marca. Para tal, ganhou a simpatia e o apoio da portuguesa e campeã mundial, Carolina Villarigues, 25 anos, lisboeta e torcedora do Sporting de Portugal, que sempre gostou de basquete (chegou a praticar um pouco – “Era pequenina mas compensava com muita força de vontade”), mas que só abraçou o subbuteo aos 12 anos, quando foi apresentada por um professor da escola a esse desporto. “Da escola, apenas eu e um amigo demos prosseguimento nas mesas e passamos a integrar equipes”.
O primeiro clube foi o Egas Moniz que não participa mais de competições de subbuteo. Pouco tempo depois, passou a integrar o tradicional clube Os Belenenses. “Foi bom, pois é nas proximidades de onde resido”. Foi nos Belenenses que Villarigues fez a passagem de “hobbie” para performance. Foi um salto que levou-a a doutrinar em terras portuguesas.
Foram mais de 10 títulos nacionais e um sem número de Gran Prix, opens e outros torneios. Até chegar ao título mundial. “Me preparei bastante. Foram horas e horas de treinamentos. Aproveitei que o Mundial seria disputado em setembro, justamente após as minhas férias. Então, foram três meses de intensivos”.
Ela treinou em regime de três turnos. Quase que a totalidade dos treinamentos foram contra atletas do sexo masculino, pois havia poucas mulheres de nível internacional. “Ainda hoje, é difícil encontrar atletas mulheres de ótimo nível, o que me levou a apoiar a ideia trazida pelo Santa Cruz”, explica.
Projeto Santa Cruz
Carolina foi apresentada ao diretor do Santa Cruz, Sergio Travassos, pelo diretor do Bangu-RJ, Marcelo Coutinho. Tudo virtualmente pois, quando em Portugal, Travasssos esteve nos Belenenses, com o diretor Luís Felipe mas não conheceu a Villarigues. O diretor Coral já tinha em mente iniciar o subbuteo no Santa Cruz, porém, apenas depois de conversar com Villarigues pela internet, em uma “live”, é que surgiu a ideia de criar um projeto de inserção da mulher no futmesa a partir dessa modalidade e, nada melhor, do que ter a campeã mundial como divulgadora e captadora. Um exemplo.
“O futebol de mesa no Brasil, é eminentemente masculino. Isso assusta do ambiente, as mulheres. Então, tendo Villarigues como exemplo, poderemos atrair as mulheres e formar equipes no subbuteo, com predominância feminina”, explicou Travassos.
Para Villarigues foi uma surpresa boa e ela não pensou duas vezes. “Gostei demais da ideia e decidi apoiar de imediato. E fiquei feliz com a possibilidade de servir de exemplo para que as brasileiras tenham a oportunidade de conhecer, aprender, se divertir e, quem sabe, serem campeãs?”.
O período de pandemia serviu para o desenvolvimento do programa Coral para o subbuteo. Algo que vem sendo construído virtualmente. O clube já adquiriu times, bolas, barrinhas, tapetes e campos. Um dos campos, o primeiro, foi nomeado “Campeã Mundial Carolina Villarigues”. E vai buscar, junto às torcedoras, interessadas em aprender o desporto.
Da parte de Villarigues, ela está preparando vídeos ensinando as técnicas da modalidade e estará disponível para conversas com as tricolores. “Será, sempre, uma conversa de mulher para mulher”, afirma Villarigues. Ela também foi nomeada Embaixadora do Futmesa Coral e, nas competições não oficiais ( a maioria de uma temporada europeia), ela vestirá o Manto Coral, divulgando o clube.
“Eu não conhecia muito dos clubes brasileiros. A partir das conversas sobre o projeto do Santa Cruz passei a buscar mais informações e percebi que há muitos colegas brasileiros que torcem ou conhecem bastante sobre o clube. E me encantou
fazer parte dessa História rica”. O Santa Cruz pretende iniciar o projeto no final do mês de março. Será quando o campo estará pronto e entregue no Arruda, e os primeiros vídeos estarão disponíveis para serem apresentados às torcedoras Corais.