Tiago Nunes faz um brilhante trabalho à frente do Furacão
Não vou mentir. Não vou esconder. Mas a evolução do Furacão no futebol brasileiro é de impressionar. Inveja das boas. Que, como pernambucano que acompanha o futebol do Estado há anos, me faz perguntar: quando o futebol do nosso Estado vai chegar ao nível do Athletico-PR? O crescimento foi algo construido ano a ano, sendo acompanhado por qualquer pessoa que gosta de futebol. Nada foi por acaso. O Athletico está sozinho no pelotão abaixo dos clubes considerados de ponta do Brasil. E ainda coloco o clube rubro-negro à frente de Botafogo-RJ, Vasco, Fluminense, por exemplo.
O título da Copa do Brasil 2019 premia esse trabalho. Para começar, o Athletico quebrou aquela crença de que, após o inchaço na competição, nenhum clube do seu porte poderá levantar o título como o Sport fez em 2008. Queimei a língua também. Enquanto o time paranaense se estrutura e já vislumbra um futuro ainda mais vitorioso, o Sport desde que levantou a taça, passou muitos e muitos vexames. Hoje está na Série B. Na briga para subir, é verdade. Mas no aperto financeiro e desorganizado.
Ah, mas o time do Athletico-PR é recheado de estrelas, jogadores medalhões e experientes, capazes de fazer milagres dentro de campo. Conversa mole. O time é equilibrado nesse sentido. O grupo faz a força. Na final, teve golaço de Léo Citadini, que já jogou pelo Santos e Ponte Preta, uma jogadaça de Marcelo Cirino (que até passou pelo Inter-RS) que mandou para Rony, sim, ele mesmo, ex-atacante do Náutico, fazer o gol do título, em pleno Beira-Rio. O Furacão se notabilizou por revelar jogadores e emprestar para diversos clubes do Brasil. E evoluir solidamente e ser campeão sem precisar de ídolos na zona de conforto, com rechonchudos salários e que está em campo apenas pelo nome.
Ah, mas se o time não tem estrela, deve ter um grande treinador. Aquele comandante que já esteve à frente das grandes agremiações do Brasil e é respeitado por todos os jogadores. Qual nada. O comandante do Furacão tem apenas 39 anos. Tiago Nunes, em 2011, era auxiliar técnico do Nacional-AM. Quando virou técnico principal, esteve no Rio Branco-AC, Grêmio Bagé-RS, União Frederiquense-RS, Ferroviária-SP e Veranópolis-RS. O currículo não é de causar inveja. Mas o Athletico-PR investiu em Tiago por ter convicção de que o seu trabalho era o ideal para o momento do clube. E deu todas as condições para ele trabalhar.
Certamente, o Athletico-PR tem muito mais a mostrar do que os tópicos que citei acima. E confesso que, nesse texto, quis mesmo deixar como fagulha de questionamento: o que há no Furacão para essa tamanha evolução? E que os dirigentes do futebol pernambucano abram os olhos. E mirem-se no exemplo do Athletico.